Esperança, política e mudança

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011


Sem dúvida alguma, um 11 de fevereiro para o Egito nunca mais esquecer. Após semanas de intensos conflitos, Mohammed Hosni Mubarak,de 82 anos, renunciou ao cargo de presidente local, que já durava 30 anos de muita repressão, fraudes eleitorais, corrupção, responsabilidade pela pobreza e pelo desemprego no país, de mais de 80 milhões de habitantes.
Esse movimento popular explodiu depois que uma onda de protestos que derrubou o governo autoritário da Tunísia. O então presidente do país do norte da África, Zine el Abidine ben Ali, fugiu do solo tunisiano em 14 de janeiro. Também há manifestações no Iêmen, na Jordânia e em outros países árabes. Os manifestantes se concentraram na Praça Tahrir (liberdade, em árabe), no coração do Cairo. O governo impôs toque de recolher, mas egípcios desafiaram as ordens do regime, que cortou os sinais de internet e de telefone, num gesto desesperado para conter os protestos. Foram contabilizados 300 mortos e 5.000 feridos nos 18 dias de protestos.
A importância desse dia serve para nós mostrar que a união do povo é capaz sim de promover as mudanças que tanto necessitamos. Quando pessoas, de forma organizada sem qualquer tipo de violência, lutam por seus direitos, por melhoria de vida, a revolução acontece e nossos corações se enchem de emoção verdadeira. Percebemos assim que a esperança continua viva e que esse é o grande motivo para que a força de vontade permaneça intacta. Um povo repleto de ideais e altas determinações constrói positivamente a sua própria história e nenhum dos poderosos é capaz de interferir nessa revolução.
Ditadura é a pedra no sapato da evolução da humanidade. E mesmo que todos pensem que  o fim desse sofrimento é algo impossível, o dia de glória sempre chega, de maneira simples ou totalmente modificadora de sistema, mas chega.
Mubarak assumiu o Egito em 1981, oito dias após o assassinato do ex-presidente Anwar el Sadat, morto por oficiais do Exército descontentes com o acordo de paz assinado com Israel. Com o tratado, o Egito foi o primeiro país árabe a reconhecer o Estado judeu (hoje também reconhecido pela Jordânia). Tornou-se, assim, uma espécie de guardião de Israel e garantia de estabilidade para a região repleta de petróleo e inflamada por extremistas. As três décadas no poder fizeram crescer a fortuna pessoal de Mubarak. Embora não existam números oficiais, o patrimônio do líder egípcio é equivalente a R$ 117 bilhões (US$ 70 bilhões), segundo o jornal The Guardian.
A saída ocorreu um dia após o líder egípcio de 82 anos frustrar os milhares de manifestantes concentrados no Cairo, dizendo que ficaria no poder até o fim de seu mandato. O anúncio da renúncia foi feito pelo recém-nomeado vice-presidente do Egito, Omar Suleiman, em um curto pronunciamento na TV estatal. Mubarak entregou o poder ao Exército, disse Suleiman, com ar grave. Um porta-voz disse que o Conselho Militar vai anunciar medidas para uma ‘fase de transição’’ no país e afirmou também que "não há alternativa à legitimidade do povo".
O que resta agora é esperar com acorrerá essa fase de transição, que de fato será complicada, pois cabe ao Egito aprender uma forma de governo que deixe pelo menos satisfeitos, os principais interessados, a população, que neste momento, festeja com alegria e merecimento o resultado de todo o esforço utilizado exaustivamente.
O blogueiro Wael Ghonim, um cibermilitante que passou 12 dias preso e virou ícone do movimento, escreveu no seu Twitter: "Parabéns ao Egito, o criminoso deixou o palácio". Manifestantes que faziam vigília na Praça Tahrir disseram que, após a festa, voltariam para casa. "Nós podemos finalmente ir para casa!", disse chorando Mohammed Ibhahim, de 38 anos, um dos organizadores dos protestos. "Nós estamos aqui há 18 dias esperando ele ir embora e conseguimos."
E ao Brasil e ao resto do mundo fica um aprendizado mais do que valioso em relação a vitória do Egito: Quando todos entendem seus problemas, dificuldades e valorizam os direitos coletivos, qualquer que seja a busca incansável por mudança, esta será sempre bem-vinda.

Fontes:G1 e R7

4 comentários:

  1. É muito bacana presenciar um foto importante como esse. Aos poucos a democracia vai ganhando espaço no mundo árabe. Uma conquista não apenas para eles, mas para todo o mundo.

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  2. Felizmente o melhor para povo do Egito aconteceu...Uma pena que teve mortes e feridos...Este fato esta despertando uma visão melhor sobre a democracia no mundo árabe...
    Infelizmente no nosso país esta no caminho inverso...O nosso último presidente usou do seu poder e sua boa imagem para tentar acabar com a oposição,assim deixando o país mais vulnerável a corrupção,toteamento de cargos por pessoas sem qualificação...Ruim que aqui no Brasil o povo é muito descansado dificilmente teria uma atitude parecida...

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  3. Gostei muito da suas observações sobre a crise que o Egito está passando. E saber que você, está bem atenta aos acontecimentos, atualizada e com opinião formada.
    Não preciso nem dizer meu ponto de vista pois você pôs tudo que eu poderia dizer. Só espero que a transição de governos no Egito serja de maneira pacífica e quem for comandar o país, faça pensando no povo que lutou para que aquilo acontecesse, e não por interesses de poucos.

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  4. O Egito deu uma liçao ao mundo: de que a luta pela democracia vale a pena. Assim como o Obama disse no discurso dele depois da renuncia do Mubarak, essa luta do Egito vai entrar pra história junto à luta de Martin Luther King, Nelson Mandela e outros.

    Ótimo texto, como todos os que vc escreve!

    Gde beijo!

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