Como se eu tivesse a ''obrigação''...

terça-feira, 22 de outubro de 2013

via @ponycase

Como se eu tivesse a obrigação de ser santa.
Como se eu tivesse a obrigação de ser recatada.
Como se eu tivesse a obrigação de ser coisificada.
Como se eu tivesse a obrigação de ser um objeto descartável.

Como se eu tivesse a obrigação de estar sempre à disposição.
Como se eu tivesse a obrigação de ser submissa.
Como se eu tivesse a obrigação de ser esposa.
Como se eu tivesse a obrigação de servir ao meu homem.

Como se eu tivesse a obrigação de ser mãe.
Como se eu tivesse a obrigação de ter instinto maternal.
Como se eu tivesse a obrigação de ser fofa.
Como se eu tivesse a obrigação de ‘ser feminina’.

Como se eu tivesse a obrigação de me depilar.
Como se eu tivesse a obrigação de esquentar a barriga no fogão e esfriar na pia.
Como se eu tivesse a obrigação de não trabalhar ou estudar para ‘me dedicar à família’.
Como se eu tivesse a obrigação de não ter opinião própria.

Como se eu tivesse a obrigação de ser simpática com todos sempre.
Como se eu tivesse a obrigação de ser propriedade dele.
Como se eu tivesse a obrigação de obedecer a suas ordens sem reclamar
Como se eu tivesse a obrigação de só limpar, cozinhar e dos filhos e marido cuidar.

Como se eu tivesse a obrigação de ser pura.
Como se eu tivesse a obrigação de ser ingênua
Como se eu tivesse a obrigação de ser burra.
Como se eu tivesse obrigação de não falar sobre sexo.

Como se eu tivesse a obrigação de não ser confusa.
Como se eu tivesse a obrigação de não ser complicada.
Como se eu tivesse a obrigação de não nunca errar.
Como se eu tivesse a obrigação de não questionar .

Como se eu tivesse a obrigação de não duvidar.
Como se eu tivesse a obrigação de ser fútil.
Como se eu tivesse a obrigação de ser interesseira.
Como se eu tivesse a obrigação de ser culpada por tudo.

Como se eu tivesse a obrigação de ser magra.
Como se eu tivesse a obrigação de andar sempre ‘bem arrumada’.
Como se eu tivesse a obrigação de ter cabelo longo e liso.
Como se eu tivesse a obrigação de ser branca.

Como se eu tivesse a obrigação de ser hétero.
Como se eu tivesse a obrigação de ser perfeita.
Como se eu tivesse a obrigação de ser princesa e não plebeia.
Como se eu tivesse a obrigação de ser mocinha e não vilã.

Como se eu tivesse a obrigação de seguir padrões.
Como se eu tivesse a obrigação de me encaixar em estereótipos.
Como se eu tivesse a obrigação de só fazer ‘coisa de mulher. ’
Como se eu tivesse a obrigação de ser racista.
Como se eu tivesse a obrigação de ser machista.
Como se eu tivesse a obrigação de ‘zelar pelos bons costumes’.
Como se eu tivesse a obrigação de ‘me dar ao respeito.’
Como se eu tivesse a obrigação de ‘ser moça de família.’

Como se eu tivesse a obrigação de ‘ficar quietinha’.
Como se eu tivesse a obrigação de ser cristã ou evangélica.
Como se eu tivesse a obrigação de ter inveja e fofocar sobre outras mulheres.
Como se eu tivesse a obrigação de não sonhar para além da casa, comida e roupa lavada.

Como se eu tivesse a obrigação de não ser bem sucedida.
Como se eu tivesse a obrigação de não defender outras mulheres.
Como se eu tivesse a obrigação de não me assumir como feminista.
Como se eu tivesse a obrigação de não ser louca.

Como se eu tivesse a obrigação de não ser crítica.
Como se eu tivesse a obrigação de não lutar e reivindicar os meus direitos.
Como se eu tivesse a obrigação de ser quem querem que eu seja.
Como se eu tivesse a obrigação de ser ‘obrigada’


Mais do que simples poesia, mais do mero desabafo... 
Um grito de luta. Não só por mim, mas por todxs!



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