O show deve continuar
Eu tinha 13 anos e uma bulimia nos histórico médico. Estava tão fraca que não conseguia me levantar da cama sem cair. Então meu pai, na tentativa de arrumar algum entretenimento pra mim, me trouxe um DVD de clipes antigos, aquelas coletâneas que a gente vê por aí, mas nunca tem paciência de parar para realmente assistir. Já que eu não tinha nada para fazer, resolvi dar uma chance àquelas músicas antigas que meu pai aprovava tanto. Foi aí que a mágica aconteceu: no clipe de número 72 (sim, senhores, eu decorei a numeração) apareceu um cara com óculos em formato de estrela, dentuço, com uma calça branca justa ao corpo e cantando na neve. Meu coração disparou na mesma hora e eu disse: esse é o cara.
Eu não estava errada, senhores, pois aquela música me tocou tanto que eu - com apenas treze anos e uma noção mínima de inglês que ia do "hello" até "goodbye" - ouvi repetidas e repetidas vezes até copiar a pronúncia das palavras em um caderno antigo e, na primeira oportunidade que tive de acessar a internet, na casa da minha cunhada, digitar apenas uma pronúncia errada de um inglês metido a britânico. Não achei nada. Até que lembrei do refrão e, após vinte tentativas frustradas de acertar, eu digitei no Google: "fly away, fly away, far away - banda inglesa". E, senhores, o Google se encheu de links para vídeos e letras da tal da música. Sim, era Spread your Wings, do Queen, e ela me tirou de uma depressão e me deu esperanças de sair daquele estado. Até porque, para quem não conhece, a música é totalmente otimista e fala de Sammy, um cara ferrado na vida, mas que tem um sonho. E vai atrás daquilo, custe o que custar.
Após mais pesquisas minhas - e uma recuperação sofrida, diga-se de passagem - eu descobri a história de Freddie Mercury, vocalista do Queen. E me agarrei naquilo com todas as forças que meu franzino corpo possuía. Eu soube, naquele instante, que aquela história, aquela voz magnífica e aquela atitude de "que se danem os outros" que a banda possuía iriam me acompanhar pelo resto da vida.
Mudei radicalmente; tudo pela inspiração que músicas como Radio GaGa, The Show Must Go On, We Are The Champions, e tantas outras, me causaram. Mudei da água para o vinho. E, a partir do instante no qual eu ouvi a voz de Freddie cantando "how can I go on from day to day?" eu tive certeza de que um dia eu seria como ele. Talvez não no campo musical, mas na persistência e coragem de ir em frente, sempre em frente, não importa o que aconteça.
Como ele disse certa vez, na faculdade, quando ninguém acreditava nele (e diziam que ele nunca seria nada): "Eu não serei uma estrela do rock. Eu serei uma lenda." No instante que soube disso, eu tive certeza de que não aceitaria nada em meu caminho que fosse menos do que a grandeza. E não aceitarei.
E é assim, cantando "The Show Must Go On" para mim mesma e acreditando que as coisas podem, sim, mudar, que eu finalmente me libertei e continuo todos os dias, apesar dos (muitos) pesares. Pois, como diz a letra dessa música: "por dentro meu coração está partido, minha maquiagem pode estar se desmanchando, mas meu sorriso ainda continua".
Escrito por Mia Sodré, 18 anos
Estudante, Viamão -RS
Então, este foi o texto da última inscrita e finalista no concurso #DEScomplicandoComRock. As votações estão a todo vapor na fan page do blog. Corre aqui e vota também, porque o prazo encerra amanhã! Beijos.
Meu texto ♥
ResponderExcluirNoooooooooooossa, que história, Mia! O Queen, o Freddie, sem dúvida são inspirações de vida. sou apaixonada pela banda. Não tenho uma história como essa, mas me inspiro nas letras das canções deles, suas "atitudes", sua competência. Me fascinam e eu também conheci a banda por um desses DVDs (L)
ResponderExcluirNão faço a mínima ideia de onde conheci Queen. mas, desde que me conheço por gente, é minha banda predileta. Na real, não sei nem como, mas é. E Freddie É O CARA!
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