Eu estava atordoada. Corria de um lado pro outro da casa e não sabia mais o que fazer. Minha cabeça doía tanto, eu me encontrava emergida em uma profunda tristeza. E o que fazer com todas as feridas que ardiam como fogo em brasa, dentro de mim? Ignorar? Acreditar que não eram nada? Mesmo que eu quisesse, eu não conseguiria agir assim. Quanto mais eu pensava em tudo aquilo, mais a minha mente, aquele vulcão em eterna erupção, ameaçava explodir. Eu não tinha para onde fugir. A única proteção, dentro de minha mesma, estava se mostrando minha pior inimiga. E continuava a olhar para as paredes ao meu redor, eu as via diminuindo cada vez mais e vindo ao meu encontro. Estava sem um pingo de ar para respirar. Sensação de desespero.
Sai feito uma maluca (que eu era e ninguém desconfiava). Andei muito. Estava pior dentro de mim. Era uma vontade imensa de arrancar a pele pra se aquilo passava. Gosto ruim de sofrimento era o que eu sentia boca. Minha saliva pingava sangue. E continuei. Segui por entre vielas, até chegar à avenida principal, que por sinal estava em hora de pico, então muitos eram os veículos que transitavam por ali. E eu, idiota pra variar, achei que estava em um jogo e fiquei andando por entre os carros. Lógico que com aquela chuva torrencial, eu escorreguei e lá permaneci. Chorei até a última gota, parecia que não tinha mais fim. Eu estava acabada. Em pedaços molhados. O que eu queria era ficar ali, pra sempre. Não havia mais forças capazes de me reerguerem.
De um lado, eu era repleta de sentimentos ruins e pessimistas. Do outro eu parecia estar vazia, sem nada que pudesse mover algo e mudar as coisas de lugar. As gotas de água da chuva escorriam pelo meu corpo e não sei como nem por que, eu comecei a me sentir mais leve. Eu estava deixando a chuva levar embora toda a dor que havia armazenada em meu peito. Acho que a nuvem negra que pairava sobre a minha cabeça fazendo-a doer, foi as poucos se afastando e abria os olhos, sem acreditar que ainda estava viva. Sim, meu coração ainda batia. Toda aquela amargura não foi pareô para o que de mais bela havia em mim. A esperança. É eu ainda acreditava que no outro dia estaria tudo. E não é que ficou? Voltei pra casa, tomei banho, me enrolei com vários cobertores e fui ser feliz. Fui sonhar.
Menina, toma cuidado! andando assim no meio da huva tu cata uma pneumonia!
ResponderExcluirTe dou um rivotril ou diazepan que você dormirá tranquilinha, não precisava disso para sonhar.
rsrsrs
Como sempre, escrevendo super bem, as pessoas estão com certeza lendo mas... a preguiça...
Que legal, sou a seguidora de número 300! :D
ResponderExcluirO seu texto é ótimo, descreve muito bem o sofrimento e desespero da personagem, e que depois de cometer uma loucura em se jogar numa rua movimentada cheia de carros, cai na real e descobri que apresar de sua angústia há esperança.
Adoraria que você me visitasse também, e me seguisse se gostar um pouco lá do meu cantinho, beijos :)
Palavras, pensamentos e sentimentos
Oi Herlene, reparei que a foto do perfil aqui no comentário não apareceu, nem apareceu os blogs que sigo. Mas estou te seguindo sim, como você pode ver na sua lista de seguidores. Era só isso, beijos.
ResponderExcluirMuito bom Herlene, me lembrou um trecho de Caio Fernando Abreu:
ResponderExcluir"Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está aí, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada 'impulso vital'. Pois esse impulso ás vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te surpreenderás pensando algo assim como 'estou contente outra vez"
Li suas ameaças contra as propagandas aqui nos comentários, mas vou arriscar :D
Se possível depois leia meu conto "Por Causa da Chuva" e me diga o que achou.
Grande beijo!