Utopias e a eterna vontade de mudar o mundo.

terça-feira, 19 de março de 2013

Utopia é saltar no abismo de olhos vendados.

O que seria dos indivíduos sem os seus sonhos? O que seria da noite sem a espera insaciável pela manhã? O que seria da dor da vida sem a esperança de que as coisas vão melhorar? Não existiriam dias de lindo céu azul-anil, se as pessoas, por medo do desconhecido, se contentassem com as intermináveis tempestades.

Os sonhos representam luz no fim do túnel. São pontos de partida de maratonas enfrentadas dia após dia. Fazem com que você se mova e saia de sua zona de conforto. Sonhos são estímulos e não deixam ninguém parar. Mas e o que dizer das utopias? Que são mais que meros sonhos. São poemas que se imagina quando se está acordado. Elas transpassam aos próprios homens, tornando a existência objeto de real desejo dos mais desacreditados. 

E falar em utopia é querer gerar polêmica. Utopias representam ‘‘o não-lugar (lugar que não existe ainda) que se quer construir’’. E quem não quer ser responsável por fazer do mundo um lugar melhor? Eu quero e quero muito. Deixo nutrir em mim diversas noções de utopia, mas creio que as mais significativas dizem respeito ao feminismo e ao Estado Laico. E por que eu me importo com isso? Muito simples: não suporto atitudes machistas, muitos menos quem se vangloria de que sua religião é melhor do que as outras. Dessa forma, acredito que só a luta pela igualdade de direitos, promovida pelo movimento feminista e o princípio básico do Estado Laico (nação sem religião ‘‘oficial’’) não limitado, unicamente, à teoria, mas transformado em prática é que serão capazes de constituir a revolução social que eu e tantos almejamos.

E por que desejar essa revolução? Pela séria razão que machismo e teocracia (forma de governo em que a Igreja se acha no direito de interferir nos assuntos cívicos) não são práticas nada saudáveis. Ambos promovem preconceitos, fortemente, devastadores e, a certa altura, tornam-se fatais. Afinal de contas, a conduta de se impor como superior a outro ser, pelo fato, de ser homem ou seguidor de determinada religião não faz ninguém melhor que ninguém.

Meu grande e intenso sonho é por um mundo que respeite as diversidades. Que pessoas não sejam massacradas, física e moralmente, por não se encaixarem no padrão que dita o que é certo e errado, bonito e feio. Sonho com um mundo em que mulheres serão livres como deve ser. Que não haverá nenhum tipo de violência dentro ou fora de casa. Que gênero, crença ou qualquer outra coisa, não será motivo para segregação. Ou seja, sou um ser pensante e, vigorosamente, utópico.

Mas apenas divagar um mundo maravilhoso não muda nada, apesar de já ser um bom começo. Os mais pessimistas batem na tecla de que utopias são sonhos impossíveis. Podem até ser. Mas impossível mesmo é pra quem nem tenta dar o primeiro passo. Eu vejo tudo isso um pouco diferente. Utopias são complicadas? Evidentemente que sim. Mas que grande luta não é? Utopia, na minha concepção, é saltar no abismo com os olhos vendados, que por mais que você sinta um medo imenso terá também a sensação magnífica de voar, de ser livre. Eu quero isso pra mim e para as causas que defendo.

Mas como transformar sonhos em realidade? Como já diria Rauzito: ‘‘Um sonho que se sonha só é apenas um sonho. Um sonho que se sonha junto vira realidade. ’’ Caso não tenho sido com, exatamente, estas palavras, foi algo muito parecido. Então, queria dizer que é bem esse o fio da meada. A revolução social só pode ser possível, por meio de uma comunicação eficaz, sem ruídos, que proporcione integração e propagação de ideias de cunho educacional e humano. Do que adianta ser contra o feminismo e o Estado Laico, se a pessoa não sabe nem do que se trata? Atualmente, formam-se muitas opiniões tomando como base pensamentos pré-concebidos e reducionistas. Para se apreender o todo, não se pode analisar apenas uma das partes. Isso é básico. A comunicação surge como mais uma ferramenta de luta, para que com os meios (como por exemplo: televisão, rádio e, principalmente, internet) se fale mais sobre feminismo e Estado Laico, desmistificando a concepção de que estes são inimigos da moral e dos bons costumes. Pois ao contrário do que se pensa, só com a educação social é que as pessoas podem se livrar das amarras que as prendem ao sistema conservador, podendo assim, se tornarem livres no sentido mais literal do termo. 


PARA REFLETIR:
''A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.'' - Eduardo Galeano











2 comentários:

  1. As utopias a que você se referiu não são tão utópicas assim! rs Vejo muita coisa mudando, e muito por mudar ainda, mas nas últimas décadas mudou-se mais do que foi mudado em milênios!

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  2. adorei o texto.... bem intenso e pensativo
    adorei o blog
    bju

    http://aieuvivantagem.blogspot.com.br/

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