Utopia é saltar no abismo de olhos vendados. |
O que seria dos
indivíduos sem os seus sonhos? O que seria da noite sem a espera insaciável
pela manhã? O que seria da dor da vida sem a esperança de que as coisas vão
melhorar? Não existiriam dias de lindo céu azul-anil, se as pessoas, por medo
do desconhecido, se contentassem com as intermináveis tempestades.
Os sonhos representam
luz no fim do túnel. São pontos de partida de maratonas enfrentadas dia após
dia. Fazem com que você se mova e saia de sua zona de conforto. Sonhos são
estímulos e não deixam ninguém parar. Mas e o que dizer das utopias? Que são
mais que meros sonhos. São poemas que se imagina quando se está acordado. Elas
transpassam aos próprios homens, tornando a existência objeto de real desejo
dos mais desacreditados.
E falar em utopia é
querer gerar polêmica. Utopias representam ‘‘o não-lugar (lugar que não existe
ainda) que se quer construir’’. E quem não quer ser responsável por fazer do
mundo um lugar melhor? Eu quero e quero muito. Deixo nutrir em mim diversas
noções de utopia, mas creio que as mais significativas dizem respeito ao
feminismo e ao Estado Laico. E por que eu me importo com isso? Muito simples:
não suporto atitudes machistas, muitos menos quem se vangloria de que sua
religião é melhor do que as outras. Dessa forma, acredito que só a luta pela
igualdade de direitos, promovida pelo movimento feminista e o princípio básico
do Estado Laico (nação sem religião ‘‘oficial’’) não limitado, unicamente, à
teoria, mas transformado em prática é que serão capazes de constituir a revolução
social que eu e tantos almejamos.
E por que desejar essa
revolução? Pela séria razão que machismo e teocracia (forma de governo em que a
Igreja se acha no direito de interferir nos assuntos cívicos) não são práticas
nada saudáveis. Ambos promovem preconceitos, fortemente, devastadores e, a
certa altura, tornam-se fatais. Afinal de contas, a conduta de se impor como
superior a outro ser, pelo fato, de ser homem ou seguidor de determinada
religião não faz ninguém melhor que ninguém.
Meu grande e intenso
sonho é por um mundo que respeite as diversidades. Que pessoas não sejam
massacradas, física e moralmente, por não se encaixarem no padrão que dita o
que é certo e errado, bonito e feio. Sonho com um mundo em que mulheres serão
livres como deve ser. Que não haverá nenhum tipo de violência dentro ou fora de
casa. Que gênero, crença ou qualquer outra coisa, não será motivo para
segregação. Ou seja, sou um ser pensante e, vigorosamente, utópico.
Mas apenas divagar um
mundo maravilhoso não muda nada, apesar de já ser um bom começo. Os mais
pessimistas batem na tecla de que utopias são sonhos impossíveis. Podem até
ser. Mas impossível mesmo é pra quem nem tenta dar o primeiro passo. Eu vejo
tudo isso um pouco diferente. Utopias são complicadas? Evidentemente que sim.
Mas que grande luta não é? Utopia, na minha concepção, é saltar no abismo com
os olhos vendados, que por mais que você sinta um medo imenso terá também a
sensação magnífica de voar, de ser livre. Eu quero isso pra mim e para as
causas que defendo.
Mas como transformar
sonhos em realidade? Como já diria Rauzito: ‘‘Um sonho que se sonha só é apenas
um sonho. Um sonho que se sonha junto vira realidade. ’’ Caso não tenho sido
com, exatamente, estas palavras, foi algo muito parecido. Então, queria dizer
que é bem esse o fio da meada. A revolução social só pode ser possível, por
meio de uma comunicação eficaz, sem ruídos, que proporcione integração e
propagação de ideias de cunho educacional e humano. Do que adianta ser contra o
feminismo e o Estado Laico, se a pessoa não sabe nem do que se trata?
Atualmente, formam-se muitas opiniões tomando como base pensamentos
pré-concebidos e reducionistas. Para se apreender o todo, não se pode analisar
apenas uma das partes. Isso é básico. A comunicação surge como mais uma
ferramenta de luta, para que com os meios (como por exemplo: televisão, rádio
e, principalmente, internet) se fale mais sobre feminismo e Estado Laico, desmistificando
a concepção de que estes são inimigos da moral e dos bons costumes. Pois ao
contrário do que se pensa, só com a educação social é que as pessoas podem se
livrar das amarras que as prendem ao sistema conservador, podendo assim, se
tornarem livres no sentido mais literal do termo.
PARA REFLETIR:
''A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.'' - Eduardo Galeano
As utopias a que você se referiu não são tão utópicas assim! rs Vejo muita coisa mudando, e muito por mudar ainda, mas nas últimas décadas mudou-se mais do que foi mudado em milênios!
ResponderExcluiradorei o texto.... bem intenso e pensativo
ResponderExcluiradorei o blog
bju
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