Toque de Recolher.

O globo gira e uma hora ou outra, você retorna ao lugar de onde começou. Aquele ponto de partida escuro, triste e acima de tudo, solitário. Todos imaginam que chegar ao fim, é que o complicado da maratona, mas na realidade, o difícil mesmo é sair do ponto de partida. Você fica ali, estático. Parece até que uma força, meio que sobrenatural, age sobre seu corpo e o atrai com toda intensidade, ao chão. É impossível mover-se. Sente-se em um pesadelo, no estilo bem típico, em que o monstro está se aproximando e você não consegue correr. Dar um único passo requer um grande estoque de esforço físico. E quando a mente não colabora, não há matéria, que suporte.

E depois de tanto tentar e sempre falhar, tropeçar, cair... O corpo já não suporta mais tamanha exaustão. Você ainda continua, mas está apenas ocupando espaço, sendo mais uma inutilidade. Não serve para mais nada. E pensa:

‘‘- Ah se fosse possível evaporar do mapa. Assim, num estalar de dedos. ’’

Mas infelizmente não é. Os dias passam e você engana a si próprio, imaginando agüentar mais pancadas da vida. O limite já foi alcançado e qualquer ataque, poderá ser fatal. Aparenta ainda existir alternativas, mas nem vale optar pelo duvidoso. Afinal, talvez esse momento nem seja tão terrível como todos dizem. Ele chegou como a facilidade mais indescritível. É o fim.